quinta-feira, outubro 16, 2014

Hipertensão intracraniana idiopática

Nova Iguaçu, alguns anos atrás.

Morávamos na casa do k11. O salário da FINEP era bem bom pra um casal sem filhos e sem muitas dívidas. Os benefícios também eram bons. A vida era boa, tínhamos muitos amigos e éramos felizes. Tudo bem "cor de rosa".

Fomos passear com uns amigos na Quinta da Boa Vista. A Vinha estava com vários furúnculos doloridos inclusive dois nas axilas. E uma dor de cabeça constante há dias. Resolvemos procurar o hospital ali do lado. Quinta Dor.
Os furúnculos foram drenados e ela tomou um analgésico na veia. "A dor vai parar logo logo sem os furúnculos." disseram.

A dor não só não parou como aumentou. Dia seguinte, procurar neurologista, fazer exames, etc.
Exames feitos. A dor aumenta e começa um sintoma novo: visão turva "Segundo os exames, você não tem nada. Isso deve ser uma enxaqueca. Vou passar um antibiótico pros furúnculos e analgésico a visão turva pode ser da dor. De qualquer forma, procure um oftalmo."

O analgésico e nada eram a mesma coisa. Dormir era difícil com a dor. Os furúnculos pareciam melhorar, mas só eles... E eu estava impotente. Não podia fazer nada ... A mulher que eu amo sofrendo de dor e não havia nada que eu pudesse fazer. Só orar.

Mais exames, ida ao oftalmo... "Tem algo estranho aí. Você tem que levar esse resultado pro seu neuro. Se possível, hoje ainda!" soou o alarme ..."não tem nada, você está com sintomas de um tumor, ou de uma enxaqueca muito forte. Mas não tem tumor nenhum."

Fomos a outro neurologista. Dr. Henry. Ela já havia trabalhado com ele no Centro Medico e ele era dos bons. Conseguimos um encaixe e fomos.

"Olha, por exclusão você só pode ter um pseudotumor cerebral."
Esse é o apelido carinhoso da patologia que dá título a esse post. Ele afirmou isso depois de olhar TODOS os exames, inclusive dos dois oftalmos a que fomos.
"Apresenta todos os sintomas de um tumor, mas sem tumor. Mas pra confirmar eu preciso de outro exame."

Voltamos pra casa mais tranquilos, pelo menos sabíamos qual era o problema. Exame marcado pro dia seguinte.
Mas a dor beirava o insuportável e à noite ela começou a vomitar.
"Corre com ela pro hospital, cara. Isso é uma concussão."

Uma hora depois ela estava vomitando na recepção do hospital. Encontrei uma amiga de infância que foi nosso anjo lá. Fomos atendidos rápido e ministraram analgésico para tornar a dor suportável até que os médicos que fariam o exame bendito chegassem.
Eles chegaram de madrugada, foram simpáticos, fizeram o exame e...

A dor parou. Na hora.

Diagnóstico confirmado. O palavrão virou dia a dia.

Benjamin

- Qual será o nome?
- Se for menina, Nina ... Ou Valentina... Vão chamar ela de "Vale"
- Só se for na Itália, aqui provavelmente vai ser "Tina" ou "Tininha"
- ECA! Tininha, inha...

- e se for menino?
- sei lá...

E lá fomos nós procurar significados de nomes de meninos. Alguns com significados bonitos soavam horríveis e os sonoros tinham significados ruins. Passamos por Benjamin e gostamos do significado, daí fomos ler a história de Raquel.... Não era um agouro lá muito bom dadas as circunstâncias... Mas guardamos o nome.
Olhamos vários sites.. Nada.

A ultrassonografia confirmou: menino! Meninão!

Ela não conseguiu esperar para irmos juntos e fez a ultra sem mim. Me esperou com um sapatinho... Vermelho!
- É menina! Que legal!!
- Não, é menino!
- Que maneiro!! ... Mas ... porquê do sapatinho vermelho? Eu não ia acertar nunca...
- Ué... Vermelho também é cor de menino!

- e o nome?
- Benjamin... Filho da felicidade.
- Gostei. E o sobrenome?
- Button? Rs

quarta-feira, outubro 08, 2014

É primavera, te amo!

um ano nos mudamos para Mesquita, bairro Cosmorama.. Foi um processo relativamente rápido: do início das negociações até a mudança foram 5 meses.
Benjamin nasceu no final de março e eu consegui juntar todos os dias e férias que eu podia tirar para ficar dois meses em casa ajudando e babando meu filhote. O quarto extra da casa do k11 veio bem a calhar, já que minha cunhada veio morar conosco para ajudar a irmã nos primeiros meses. Foi um tempo necessário de adaptação e cuidado. Minha mãe e minha sogra também foram essenciais nas primeiras semanas.

Tínhamos planos de sair do aluguel, mas nosso pensamento era ir pro Rio, não ficar na baixada. Mesmo assim, sempre procurávamos algum imóvel que parecesse interessante pelas bandas de cá. Um dia nos deparamos com um anuncio de um apartamento com uma metragem boa, duas varandas boas, uma sala grande e um preço acessível. O corretor nos levou para ver o apê recém reformado de um casal que havia separado há pouco. O prédio tinha pouco mais de dois anos, uma vila olímpica do lado e uma pracinha bem movimentada no fim da rua. Fica a 100m da estação de trem.

Mudamos dia primeiro de outubro, em plena primavera. E para nós é mesmo primavera plena.

Lembro que fiquei impressionado com a vista das montanhas e com as árvores da estação, que soltavam sementes embaladas em algodão.

Viviane e Benjamin, é primavera! Te amo!

domingo, outubro 05, 2014

Sonho...

Há pouco mais de um ano e meio tive um sonho muito estranho e acordei sobressaltado. O sonho me lembrou o livro de Jeremias, no episódio em que ele vê o Senhor em Seu trono e diz "... Ai de mim pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo impuro..."

Eu estava na igreja de N. S. Conceição, em Belford Roxo (passei minha infância nela e conheço fácil aquela igreja, mesmo em sonho). A igreja estava um pouco diferente, havia um braseiro na lateral do altar e um ou outro detalhe que agora me escapam.

O padre estava fazendo a homilia e enquanto ele falava um homem louco andava pelo altar, meio sem rumo. Eu estava sentado na primeira fileira de bancos e fiquei prestando atenção nas imagens que ornavam a igreja. Entre elas havia uma de Cristo pregado na cruz, no fundo, bem no meio do altar.

Houve então um grande terremoto, todos ficaram assustados e todas as imagens caíram e se quebraram, incluindo a grande cruz com o Cristo morto. Mas apenas a representação de Cristo caiu, ficando a cruz pendurada. Houve uma certa confusão e o padre se retirou do altar, indo para a sacristia que fica atrás do altar.

O louco pegou dois tições do fogo e pôs em minhas mãos, mas eles não me queimaram.  Eu estava mais preocupado com o louco. Peguei um cobertor e o cobri, tirando-o do altar. Depois olhei para a cruz ali pendurada e percebi que precisava fazer algo. Que podia e devia fazer, e que havia sido de certa forma purificado.

Subi no púlpito e preguei para a igreja católica lotada que o Cristo que havia morrido por nós não estava mais pendurado numa cruz, Ele ressuscitou e vive e voltará. E aquelas imagens eram apenas representações de pessoas que haviam morrido, mas não ressuscitado, e que elas não eram como o Cristo, nem podiam ouvir e quanto menos responder às orações.

Preguei sobre os mandamentos e sua validade. Preguei sobre a volta de Jesus e sobre o quanto ela estava próxima daqueles dias, às portas. Preguei muitas outras coisas das quais não lembro. Aqueles dias não estavam longe do dia de amanhã. Todos ouviram atentamente e muitos ficaram felizes por ouvir aquilo.

Acordei assustado e impressionado. Aquele sonho não se repetiu, mas não consegui esquecê-lo. Ele ficou martelando em minha cabeça por dias e eu sentia que devia escrevê-lo, mas acabei afogado nas tarefas do dia a dia. Depois disso o Benjamin nasceu e minha atenção foi desviada para ele.

Mal lembro do que como no dia seguinte, mas ainda lembro de detalhes do sonho. Por isso estou escrevendo.